Em
dia de festa de aniversário, Piracicaba fez 245 anos na quarta-feira, 1º de
agosto, um grupo de aproximadamente 200 manifestantes do Movimento Reaja
Piracicaba tomou o Centro da cidade para protestar contra o aumento salarial
dos vereadores e cobrar transparência da administração pública. Eram estudantes
secundaristas, universitários, profissionais liberais, aposentados,
trabalhadores e membros de movimentos sociais batendo em latas, com cartazes e
um carro de som que foi até a frente da Câmara de Vereadores.
O
projeto que aumento os subsídios (nome dado ao salário parlamentar) dos
vereadores para o próximo mandato (2013-2016) foi aprovado em julho de 2011 e
fixou o valor em R$ 10,9 mil. Atualmente, o valor é de R$ 6,5 mil e o aumento
foi de 69%, bem acima de qualquer categoria trabalhista.
A
insatisfação foi a tônica dos manifestantes, que não tiveram autorização para
entrar na Câmara de Vereadores, onde seria realizada uma cerimônia de entrega
de Título de Cidadão Piracicabano. O grupo terminou o protesto pacificamente e
prometeu voltar na semana que vem para encher o Plenário da Câmara durante a
reunião ordinária da quinta-feira, 9 de agosto.
Para
quem acompanhou a manifestação, como o bacharel em administração Dirceu de
Barros Silveira, a mobilização mostra que a cidade não está insensível ao que
passa nas esferas de comando. “Como pode com um salário mínimo de R$ 620, um
vereador ganhar 20 vezes mais?”, disse Silveira.
Estudantes
secundaristas e universitários engrossavam a marcha levando faixas e cartazes.
Muitos ficaram sabendo do ato pelo FaceBook e juntaram amigos para participar,
como Amanda Crispim, 17, estudante da ETEC, que estava acompanhada por vários
colegas da escola. “Acho importante a gente mostrar que é contra esse aumento e
outras coisas também. A maioria dos trabalhadores ganha muito menos que isso”,
declarou a estudante.
A
auxiliar de cozinha Edvânia Ferreira de Araújo, 38, que trabalha num
estabelecimento na esquina da Câmara, ficou sabendo o protesto à tarde e veio
participar. Ela disse que trabalha das 7h às 16h para ganhar pouco mais de um
salário mínimo, enquanto os vereadores resolvem seu próprio aumento.
O
ambientalista Rafael Jó Girão declarou que “os vereadores dizem que não falamos
nada sobre o assunto antes da votação, mas eles têm o dever de consultar a
população, os eleitores para saberem o que pensamos. Eles também têm que vir
até nós. Um ato desses é o mínimo que temos que fazer”, disse ele.
CONSOCIAL
A
síntese do movimento vai além do contracheque dos vereadores e cobra também a
implantação das propostas aprovadas na Consocial 2011 (1ª Conferência Municipal
Sobre Transparência Pública), como a aprovação do Projeto de Lei Ficha Limpa,
reformulação do Portal da Transparência da Prefeitura de Piracicaba, aprovação
da Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município que estabelece o Plano de
Metas, Criação do Conselho Municipal de Transparência e Controle Social e
regulamentação das Audiências e Consultas Públicas.
A
interlocutora do protesto, Claudia Caliari, 26, disse que a mobilização superou
a expectativa, sendo o primeiro passo para engrossar o movimento e
conscientizar a população. “Durante a panfletagem 100% das pessoas se disseram
contra esse aumento, que é abusivo, e pela implementação das propostas da
Consocial.”, disse Claudia. Para a ativista, as questões de transparência do
Legislativo e Executivo devem mobilizar a sociedade, que ainda está aprendendo
a lidar com o assunto.
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