A Rio+20 deixa um legado de ideias,
experiências e discussões que vão além do texto final e podem ajudar Piracicaba
na construção da sustentabilidade. Representantes da sociedade civil, que
participaram do encontro mundial, trouxeram na bagagem propostas que foram
sucesso em outras cidades e países e podem ser adaptadas à realidade local. A
eficiência dos governos locais superou a discussão multilateral, que trabalha
sempre com o consenso de 193 países. Diga-se, nada fácil de negociar. É entre
os municípios que ocorreram os acordos mais audaciosos de redução de emissões e
nasceram propostas inovadoras, o que comprova mais do que nunca o lema da
Rio-92: “Pensar globalmente e agir localmente”.
O secretário-executivo do Imaflora,
Maurício Voivodic, que participou de todo o evento, disse que os governos
locais têm liderado a discussão da sustentabilidade, sendo que nos municípios é
muito mais simples implantar projetos. “O município tem mais autonomia para decidir
e implantar soluções”, disse ele.
A autonomia associada à proximidade do
problema inspira criatividade nas soluções, intercâmbio de ideias e propostas
que busquem atender aos interessados de forma mais coerente e global. “Um
exemplo que materializa isso é que na ONU tem se tentado criar metas para
redução de emissões há anos, sem sucesso consensual. Países, como os Estados
Unidos, não aceitam participar. Na Rio+20, 40 municípios do mundo como New
York, São Paulo, Rio de Janeiro, alguns da China, assinaram um compromisso de
reduzir as emissões entre 15% e 40%. O Rio de Janeiro, por exemplo, vai reduzir
entre 13% e 14% com corredores de transporte público, combustível renovável e
revisão no sistema de aterro sanitário”, declarou Voivodic. Para ele, Piracicaba
poderia utilizar o inventário de emissões que foi realizado em 2011 na cidade e
propor sua própria meta de redução no volume de gases emitido pelo município.
O presidente da Plenária das Entidades
Civis do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí (Consórcio PCJ) e presidente da Oscip (Organização da Sociedade Civil
de Interesse Público) Florespi, Ricardo Schmidt, afirma que a Carta da Cúpula
dos Povos, que não faz parte do documento oficial da Rio+20, traz contribuições
temáticas das mais importantes. “A percepção que eu tenho é que (a Rio+20) foi
extemporânea no sentido de ser realizada num momento em que o mundo está em
crise e quer crescer de forma insustentável. A gente sempre defende que o
crescimento não pode se dar assim.”
Povo
e governo
O professor da Esalq (Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz) Marcos Sorrentino disse a que a Rio+20 mostrou a necessidade de aproximação
entre os governos e a sociedade civil. Ele participou da Cúpula dos Povos e da
programação oficial do evento, onde viu dois mundos diferentes. “A maior lição
é a de superar a distância entre Estado e sociedade civil. Piracicaba pode
aprender a fazer isso”, disse ele.
Sorrentino, que foi diretor de Educação
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente durante a gestão de Marina Silva,
avalia como positiva a Rede Planetária de Educação Ambiental lançada no evento.
“Essa construção a milhares de mãos de todos os cantos do mundo é essencial
para que haja a transformação de que nós necessitamos.”
Construção
sustentável
A gestora de projetos da Oscip Pira
21, Sandra Novaes, trouxe para sua entidade o relato das soluções inovadores em
tecnologias de construção sustentável, que observou no Pavilhão Humanidade 2012
da Rio+20. A
gestora acredita que são possibilidades de fácil adaptação a projetos locais.
Entre as vantagens das tecnologias estavam: uso de energia renovável, redução
de tempo de construção, racionalização do uso da água, sensores de presença que
apagavam as luzes evitando gasto desnecessário de energia, uso de lâmpadas
econômicas (LED), uso de luz e ventilação naturais, telhas com revestimentos
térmicos etc.
“A Campanha de Consumo Consciente
voltado à economia solidária também é muito interessante para replicarmos aqui.
Ela nos faz prestar atenção na hora de comprar dando prioridade aos produtos
locais e saudáveis”, disse Sandra.
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