segunda-feira, 16 de julho de 2012

Legado da Rio+20 para Piracicaba é fazer a lição ‘de casa em casa’


A Rio+20 deixa um legado de ideias, experiências e discussões que vão além do texto final e podem ajudar Piracicaba na construção da sustentabilidade. Representantes da sociedade civil, que participaram do encontro mundial, trouxeram na bagagem propostas que foram sucesso em outras cidades e países e podem ser adaptadas à realidade local. A eficiência dos governos locais superou a discussão multilateral, que trabalha sempre com o consenso de 193 países. Diga-se, nada fácil de negociar. É entre os municípios que ocorreram os acordos mais audaciosos de redução de emissões e nasceram propostas inovadoras, o que comprova mais do que nunca o lema da Rio-92: “Pensar globalmente e agir localmente”.

O secretário-executivo do Imaflora, Maurício Voivodic, que participou de todo o evento, disse que os governos locais têm liderado a discussão da sustentabilidade, sendo que nos municípios é muito mais simples implantar projetos. “O município tem mais autonomia para decidir e implantar soluções”, disse ele.

A autonomia associada à proximidade do problema inspira criatividade nas soluções, intercâmbio de ideias e propostas que busquem atender aos interessados de forma mais coerente e global. “Um exemplo que materializa isso é que na ONU tem se tentado criar metas para redução de emissões há anos, sem sucesso consensual. Países, como os Estados Unidos, não aceitam participar. Na Rio+20, 40 municípios do mundo como New York, São Paulo, Rio de Janeiro, alguns da China, assinaram um compromisso de reduzir as emissões entre 15% e 40%. O Rio de Janeiro, por exemplo, vai reduzir entre 13% e 14% com corredores de transporte público, combustível renovável e revisão no sistema de aterro sanitário”, declarou Voivodic. Para ele, Piracicaba poderia utilizar o inventário de emissões que foi realizado em 2011 na cidade e propor sua própria meta de redução no volume de gases emitido pelo município.

O presidente da Plenária das Entidades Civis do Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Consórcio PCJ) e presidente da Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) Florespi, Ricardo Schmidt, afirma que a Carta da Cúpula dos Povos, que não faz parte do documento oficial da Rio+20, traz contribuições temáticas das mais importantes. “A percepção que eu tenho é que (a Rio+20) foi extemporânea no sentido de ser realizada num momento em que o mundo está em crise e quer crescer de forma insustentável. A gente sempre defende que o crescimento não pode se dar assim.”

Povo e governo
O professor da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) Marcos Sorrentino disse a que a  Rio+20 mostrou a necessidade de aproximação entre os governos e a sociedade civil. Ele participou da Cúpula dos Povos e da programação oficial do evento, onde viu dois mundos diferentes. “A maior lição é a de superar a distância entre Estado e sociedade civil. Piracicaba pode aprender a fazer isso”, disse ele.

Sorrentino, que foi diretor de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente durante a gestão de Marina Silva, avalia como positiva a Rede Planetária de Educação Ambiental lançada no evento. “Essa construção a milhares de mãos de todos os cantos do mundo é essencial para que haja a transformação de que nós necessitamos.”

Construção sustentável
A gestora de projetos da Oscip Pira 21, Sandra Novaes, trouxe para sua entidade o relato das soluções inovadores em tecnologias de construção sustentável, que observou no Pavilhão Humanidade 2012 da Rio+20. A gestora acredita que são possibilidades de fácil adaptação a projetos locais. Entre as vantagens das tecnologias estavam: uso de energia renovável, redução de tempo de construção, racionalização do uso da água, sensores de presença que apagavam as luzes evitando gasto desnecessário de energia, uso de lâmpadas econômicas (LED), uso de luz e ventilação naturais, telhas com revestimentos térmicos etc.

“A Campanha de Consumo Consciente voltado à economia solidária também é muito interessante para replicarmos aqui. Ela nos faz prestar atenção na hora de comprar dando prioridade aos produtos locais e saudáveis”, disse Sandra.



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